Praia.

It's been a long, long time my sister. I guess you can be happy to see me, or, not?

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You can make a sinner change his ways

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Se havia uma coisa que Lauviah detestava eram aquelas reuniões de família, a cada cem anos ela encontrava seus irmãos, e isso nunca acabava bem! Mas de alguma forma, eles sempre acabavam se reencontrando no século seguinte...

Sentia uma agitação dentro de si, ela estava tão próximo de suas filhas, e ainda sim distante o suficiente para as garotas nem sonharem que era a mãe desaparecida delas, e sinceramente? Ela não sabia nem como começar...

Suspirou dramaticamente e continuou caminhando pela praia, tirou as sandálias e ficou alguns centímetros mais baixa, a sensação dos seus pés na areia era boa, uma das mais simples e prazerosas na terra. Foi andando até que por fim uma onda bateu em seus pés, a água gelada voltou para o mar e Rafaela a seguiu até que a água chegasse até seus tornozelos. Estava preocupada, não só com sua família, mas com tudo, de um mode geral, desde o momento em que acordou no hospital ela estava com um péssimo pressentimento, um daqueles que não te deixava nem dormir. O vento aquela hora da tarde era médio, fazendo com que seus cabelos e vestidos se agitassem a cara rajada, era bom, tudo ali naquele momento era agradável, puro e tranquilo.

Mas ainda sim podia melhorar.

Rafaela revirou os olhos ao ouvir o comentário do anjo, cem anos sem nenhuma noticia concreta de Gabriel, a ultima vez que se viram foi na década de 20, e desde então nada. Nem ele, nem Nora, que aparecia apenas para Rafela quando lhe era útil, de alguma forma as duas sempre sabiam onde encontrar a outra, pena que não havia usado esse talento quando Rafaela estava presa. Repreendeu a si mesma, ela não podia julgar ninguém, nem sequer era a dona da razão, Lauviah sabia muito bem que o mundo não parava quando ela estava em problemas.

Girou o rosto para encontrar Gabriel com um daqueles óculos da moda, sorriu e se aproximou dele, pegando o óculos e o tirando do rosto do Arcanjo, o guardou pendurado na gola da camisa de Gabriel e o olhou nos olhos, eram de um verde que as vezes parecia castanho, o sorriso de Rafaela ficou um pouco maior. - Melhor assim, Gabi. E não, eu nem se quer senti sua falta, desculpe mas eu estive muito ocupada. - Fez uma careta e Gabriel ergueu uma sobrancelha para a loira, que se aproximou mais e o abraçou forte, então separou-se quando achou que ja havia passado tempo demais além do normal. - É claro que eu senti sua falta! E você ó Gabriel - falou com uma falsa formalidade, enquanto dava uma risadinha. - Como tem se virado nesses dias difíceis? - As ondas iam e vinham contra as pernas nuas da loira, menos mau não ter optado por uma peça mais longa ou estaria toda molhada agora, inesperadamente Lauviah ficou mais séria, o que ultimamente vem sendo uma expressão quase diária. As vezes parecia que a antiga Rafaela, bondosa e sorridente estava sumindo aos poucos. Isso dava a ela vontade de se jogar do precipício por vontade própria, quem sabe ela acordasse e tudo estivesse de volta nos eixos. Olhou para o horizonte e suspirou, olhou para Gabriel, que a analisava com aquela expressão profunda, Rafaela nunca sabia se ele estava pensando na próxima cura universal ou no que ia comer na janta. Era frustrante.

- Eu acho que esse é o pior século de toda a minha existencia, sério... Só está faltando a nuvem negra com raios em cima da minha cabeça, isso não é nada descolado. - Fez um biquinho. - Eu nem sei as girias da atualidade, eu estou parecendo uma velha. E não, não quero que lembre a minha idade. - Olhou para o anjo, sentindo-se um pouco bipolar, ela deu um sorriso meio forçado, meio sincero. Não sabia se estava se sentindo feliz, melancólica ou triste naquele momento.

You bring me to my knees
You make me testif

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Let the sky fall

Tagged: Rafaela, Gabe Wearing: sem paciência pra criar roupa Credits: Cács @ CG!

A merda de se ter uma família é que você tem responsabilidades para o resto da eternidade, e aqui eu estou falando no sentido literal. Acredite, se eu tivesse escolha não estaria aqui; qualquer coisa era melhor do que olhar pros narizes empinados dos malditos arcanjos que eu chamava de "irmãozinhos". Mas depois do que estava acontecendo nos últimos tempos, nossa reunião centenária se tornou ainda mais necessária. Eu podia simplesmente dizer: "O mundo vai acabar, mas, foda-se, eu não tenho ideia de onde esta a Carta", mas estaria sendo mais egoísta do que sou normalmente. E além do mais, eu seria enviada para o inferno assim que o mundo fosse exterminado, não havia dúvida quanto a isso. Se estava passeando na Terra hoje, era apenas porque o Trono é misericordioso o suficiente para me dar uns anos de férias. Ok, não exatamente. O mundo pode ser um saco quando você esgota todas as possibilidades após anos vivendo a mesma vida.

Tinha mudado minha personalidade pelo menos mas mil vezes, só pra ver no que dava. Também mudei de rosto, de estilo, de gostos. Mas o parque de diversões chamado "Terra" tem opções limitadas quando se é imortal. Talvez seja porque a maioria dos que vivem nela vivam no máximo oitenta anos. Mas bem que o Trono podia ter pensado nos anjos caídos quando criou o mundo... ou não. Ele deve nos odiar com todas as suas forças -- agora pense na magnitude da força dEle; somos a raça renegada, a escória, pior até mesmo que os demônios. Por que? Porque não tivemos sequer a decência de escolher um lado da história, e o pior: em casos como o meu, o de Rafaela e Gabe, nossa existência era um lembrete constante de que até mesmo os primicérios, os "queridinhos" do Céu, foram capazes de trair o Trono.

Tem sete dias que me matriculei na Shoreline. O motivo não tem nada a ver com eu querer ficar mais próxima dos pirralhos de Gabriel, e sim, porque a supracitada escola é um verdadeiro Mediterrâneo quando se trata das novidades sobre o mundo dos anjos. Enquanto eu caminhava na direção da praia eu pensava no quanto eu teria de aguentar como aluna "nephilim", afinal, ninguém precisava saber que não era uma nephilim do programa especial, e sim um anjo caído de milhões de anos com alguns poderes que não se extraviaram na queda.

A distância eu já podia ver o casal do ano. Por mais que eles tentassem disfarçar -- eles sequer tentavam? -- estava claro pra qualquer um que se comeriam na primeira oportunidade. Rafaela e Gabriel tinham caído comigo, mas eu não dava mais atenção a eles do que dava a qualquer um dos outros. Entenda, meus irmãos são uns filhos da puta esnobes que fingem emoções na maioria das vezes. Tudo o que desejam é poder, ainda que seus objetivos estejam mascarados de outras formas. Não que eu fosse diferente, eu só evitava gente parecida comigo. Você geralmente tende a odiar quem é parecido com você.

- Não se incomodem com a minha presença - disse, ao ver que eles seguravam as mãos um do outro como um casal de adolescentes apaixonados. Que nojo, isso era tão... humano. - Podem continuar o que estavam prestes a fazer, eu não me importo, de verdade. Até curto um incesto bem elaborado.- sorri, perversamente. Ainda estava esperando as boas-vindas

You can make a sinner change his ways

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Rafaela franziu a testa. – Deixando alguma coisa passar? O que você quis dizer com isso Gabriel? – Não é como se ela nunca houvesse pensado nisso, mas bem... Parecia que ela esteve tempo demais por fora. – O que está acontecendo? – Então ela começou a recapitular tudo o que andou observando nessa semana após seu despertar, ela acreditava que eram apenas sinais de algum problema que estava por vir, mas bem... Pela forma que Gabriel falava, e se você prestasse atenção, iria notar que havia uma tensão maior em tudo ao redor deles, Rafela havia ficado descuidada, cega em encontrar suas filhas que acabou não entendendo o que estava acontecendo.

Tempomotos... A Balança...

- Gab... – A loira começou. Mas o toque da sua mão fez com que ela parasse, para mostrar um sorriso radiante para o Arcanjo, apertou a mão dele e o olhou, presa no seu olhar por algum instantes, e novamente... O que ela ia dizer mesmo? – Bem... Vamos ter que cuidar para que você nenhum de nós nos distancie outra vez, certo? – Seu sorriso ficou um pouco mais sério enquanto o olhava de forma tão profunda, que seus olhos podiam ver sua alma, ou o que quer que os Anjos tinham dentro de si. – Preciso de você comigo.

E não era só pois ela estava morrendo de medo de reencontrar suas filhas, mas também, pois ela amava Gabriel, só não sabia decidir a forma como ela fazia isso, ele era seu irmão... Alguma coisa do tipo, mas então porque sentir um amor que ia além de carinho, amizade ... Havia coisas ali, que se exaltavam quando estavam próximos, que Rafaela não sabia muito bem como lidar.
Bem, ela até sabia, e sabia muito bem.

O sol já estava quase indo embora, e as sombras nos rochedos começaram a se mover, quero dizer, os Anunciadores começaram a se mover, eles nasciam de sombras que se projetavam na Terra, e com eles imagens, vozes, ou portais. Tudo dependia da sua mensagem. Eram muitos, Rafaela os ignorou.

- Tem uma coisa que eu preciso te contar...
Mas uma presença, junto de uma voz infantil tomaram a vez.
- Não se incomodem com a minha presença. Podem continuar o que estavam prestes a fazer, eu não me importo, de verdade. Até curto um incesto bem elaborado. – Lauviah girou o corpo, ainda segurando a mão de Gabriel. Encarou sua irmã “gêmea”, que de nada se parecia com ela, seus cabelos castanhos estavam soltos em contraste com a roupa também escura, ela era alta e magra, como uma super modelo, seu rosto era tão delicado, mas trazia olhos azuis sem sentimentos e um sorriso diabólico.
Enquanto Rafaela vestia branco, era baixa e levemente curvilínea, e no momento estava sorrindo carinhosamente para Tris. – Não se preocupe. Você sabe que não gosto de platéia quando estou fazendo esse tipo de coisa.

Soltou a mão de Gabriel e foi até onde ela estava, seu sorriso sendo tomado por uma careta quando Lauviah parou na sua frente, e depois a abraçou, forte o suficiente para Nora não sair correndo. – Senti tanto a sua falta Tris.

Quando ela finalmente conseguiu se soltar, Rafaela viu que Gabriel estava ao lado das duas.
- Bem, já que estamos reunidos, eu preciso falar uma coisa antes. – Murmurou, continuando o que ia falar para Gabriel. – Quando a Balança me encontrou, eles queriam informações sobre as cartas, vocês se lembram delas? – Rafaela não sabia de nada sobre elas, além do fato de que ela entregou uma a um mortal a milhões de anos. – Eu fiquei dezessete anos sendo interrogada sobre elas, e sobre Lúcifer também, eles acreditam que ele possui as cartas, ou é o único que sabe com quem elas estão.

Quando ninguém falou nada, Rafaela cruzou os braços.

- O que eu quero dizer é o seguinte, se Lúcifer quer elas, não é para salvar o mundo. E se ele sabe de alguma coisa que nós não sabemos, significa que já estamos em desvantagem. E se tudo o que está acontecendo nesses últimos dias, tiver haver com essas cartas? E se isso for o Fim? – Olhou para os dois Arcanjos, esperando algum tipo de resposta. Então concluiu o que queria dizer.

- Acho que devemos ir atrás de Lúcifer.

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Alarguei ainda mais o sorriso ao ver que Rafaela estava desconfortável com minha presença. A menina era puritana demais pra fazer sacanagens na minha frente – ao menos foi isso o que ela disse – então, nada de shows, por enquanto. – É uma pena, anjinha... Tssssc. Vocês realmente não sabem como se divertir – fiz minha melhor cara de reprovação à seus modos caretas. Minha suposta irmã gêmea deve ter ignorado tudo o que eu disse, ou fingido não ouvir, já que veio me abraçar como se fôssemos uma família unida de verdade. Me mantive parada olhando fixamente para o mar enquanto ela me abraçava, mas não fui capaz de aguentar por muito tempo, então a afastei da forma mais gentil que pude. - Você continua com esses modos humanos ridículos, Rafaela – minha expressão era azeda quando ela finalmente se afastou. – Tinha esquecido como era irritante.
Caminhei pra perto do outro arcanjo na praia, o que só perdia em descendência para Abraão, pelo visto, porque nunca vi uma pessoa gostar tanto de fazer filho. – Gay-briel... E aí? – Dei um risinho irritante quando ele revirou os olhos. Seus pensamentos gritavam: CRIANÇA... Não que eu me importasse, claro. – Queria poder dizer que senti falta de vocês, mas mentir é pecado, e convenhamos, minha lista já está bem extensa.

Examinei as unhas enquanto Rafaela choramingava qualquer coisa sobre a Balança. Oh, Céus, nós éramos arcanjos! As porras de uns AR-CAN-JOS! Não devíamos temer nada que se encontrasse abaixo do Terceiro Céu, porque simplesmente nascemos pra ser poderosos. Mas aparentemente meus irmãos não tinham se dado conta disso. Esqueci meus devaneios sobre minha linhagem quando Rafaela finalmente tocou no ponto que todos queriam evitar, ainda que fosse necessário falar sobre: as Cartas.

Levei as mãos à cabeça, andando em círculos pra não me lembrar do quanto esse assunto me deixava irritada. Eu ficava simplesmente puta quando tentava acessar minhas memórias e encontrava aquela maldita parede em minha mente, bloqueando qualquer coisa importante que seria útil naquele momento. Do que me adiantava aquelas merdas de asas se eu não sabia nem pra onde ir? Eu preferia mil vezes tê-las perdido do que as memórias, mas o trono é sacana o suficiente pra pensar exatamente nisso: Ele sabia que íamos precisar das memórias.
Bati palmas quando Rafaela começou a elencar as coisas óbvias. – Parabéns, maninha. Só você que ainda não sabe que a porra toda está desmoronando – falei, gesticulando ao redor. Os tempomotos e as catástrofes que já não estavam tão tímidas para aparecer deixavam claro que as profecias se realizariam. O problema era que a única forma de salvação estava em algum lugar inacessível de nossas mentes. – E pelo amor do Trono, não vamos envolver aquele filho da puta do Lúcifer! Ele não é confiável, lembram? – encarei-os, buscando algum apoio em Gabriel, que parecia pensativo. – Precisamos de um plano... Se Lúcifer tiver alguma informação – o que não temos certeza – seus demônios devem saber. Essas fofocas se espalham facilmente, mesmo que sejam poucos os que tenham, de fato, acesso às informações importantes. – Comecei a andar de um lado pro outro enquanto raciocinava. Sorri ao sentir as ideias vindo; ideias que me agradavam muito, afinal, eu era uma hashmalin. – Eu voto por capturarmos demônios e os torturarmos até que eles digam alguma coisa de utilidade – sugeri, um sorriso perverso se formando em meus lábios.

- Ou melhor: poderíamos torturar o próprio Lúcifer! Isso se algum dia ele tiver coragem de sair daquele moquifo que ele chama de Inferno, o que acham? – Analisei suas expressões temerosas. Eles ainda não estavam prontos para tudo o que estava vindo – aliás, nenhum de nós estava – mas ninguém estava se importando com isso no momento. Tínhamos de estar prontos. – Ah, qual é? Vão pensar na família logo agora? Eu não sei vocês, mas eu quero achar essas cartas pra salvar a minha pele! – apontei para o meu peito, falando de forma intensa. Eu tinha que me importar comigo mesma, claro, porque ninguém mais o faria.

Vi suas expressões de ódio, tristeza, pena; não sei ao certo o que sentiam em relação a mim. Virei as costas para eles, encarando o outro lado da praia como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Eu os odiava com todas as minhas forças, e era essa a razão de evitá-los tanto... Mas agora, agora eu não tinha escolha. Respirei fundo, sabendo que não choraria -- nunca chorei em toda a minha existência – e sugeri algo mais razoável, porém não tão divertido como as ideias radicais de antes. – E se trouxéssemos Uziel e Samuel para o nosso lado? Eles ainda tem acesso a todas as lembranças. Sabem onde suas Cartas estão e podem nos dar alguma pista sobre o paradeiro das nossas. Os arcanjos remanescentes, com exceção de Miguel, óbvio, não poderiam estar tão satisfeitos assim com suas posições em Heaven. Nós tínhamos uma chance com eles. Bastava tentar.

Mas de uma coisa eu tinha certeza: Miguel sabia sobre tudo. Mesmo que a condição fosse uma Igreja por arcanjo, e nenhum dos outros teria acesso a outra além da sua própria, o Trono, em sua onisciência, conhecia a localização de cada uma das Cartas, e Miguel, sendo o favorito e o mais manipulador, com certeza já tinha obtido tais informações. Ah, se eu puser minhas mãos naquele merda... Sete Céus não serão suficientes para espalhar seus pedaços mortais!