- Pub.

Peguei um vestido verde justo e curto e vesti-o, calcei um sapato de salto alto preto de seis centímetros e me maquiei. Marie ainda escolhia que roupa iria usar e revirei os olhos, não sabia porque ela tinha tanta dificuldade em fazer isso. Peguei a bolsa carteira preta que estava sobre a minha cama e abri a porta do quarto, o suficiente para que eu conseguisse passar e ninguém pudesse ver o que acontecia lá dentro.

Alexia havia acabado de voltar e me surpreendi assim que a avistei, ela estava bem diferente do que é normalmente, o que havia com aqueles quilos de maquiagem preta de gótica? A porta do quarto foi aberta e Marie saiu de dentro dele, olhei-a confusa, essa demora toda só para fazer isso?

Seguimos até o estacionamento onde Luke e Marie pegaram seus carros, entrei no automóvel do meu primo e saímos das dependências de Shoreline. Me surpreendi que ele ficou calado, pensei que era o momento perfeito para o interrogatório do que havia acontecido mais cedo no estacionamento.

Enfim chegamos ao pub, ele era bem movimentado, não era o tipo de lugar que Marie frequentava, o que ela estava planejando?

Puxei umas das cadeiras do balcão e sentei-me nele, logo pegando a garrafa de uísque que estava sobre a mesa, mas Marie tirou-a das minhas mãos antes que eu pudesse dar um gole e bebeu tudo de uma vez. Se ela quisesse beber era só pedir, não precisava tirar da minha mão. Marie se afastou em direção a pista de dança e começou a se esfregar em todos os homens que estavam dançando.

Me virei para o garçom a minha frente e pedi uma garrafa de vodka. Ele se afastou do balcão, pegou o frasco e depois me entrou. Peguei-a da mão dele e bebi até a metade do líquido que antes estava na garrafa. Luke conversava com Alexia sobre algo que não me interessava, aquele lugar já estava me entediando, nada acontecia, nada além do que é normal em um pub, até que um movimento estranho em volta de minha irmã me chamou atenção. John estava lá e arrastou Marie para um lugar fora da pista e em seguida Richard – o guarda costa de Marie – passou seguindo-os, algo estava acontecendo e me parecia mais interessante que ficar sentada enchendo a cara. Olhei para Luke e esperava que ele havia entendido, me levantei e segui na direção que eles haviam ido, não me importando se Luke e Alexia vinha atrás ou não.

Irritado com a presença do anjo, John reagiu. Virou o corpo para ele, com uma expressão demoníaca. Socou-o no nariz, com uma velocidade e força que fez impossível para o anjo desviar.

- Não me interrompa. – Rugiu.

Mary olhava-o irritada e até um pouco assustada. Que aprendesse a temê-lo de uma vez.

- O que você fez com o Rick?!

- Nada que ele não merecesse.

Viu que a garota ia dar um tapa em seu rosto e segurou-a pelo pulso. Uma maldita corrente elétrica percorreu seu corpo onde ele a tocava.

Largou-a quando viu, pelo canto do olho, que o anjo vinha em sua direção novamente. Suspirou aborrecido. Balthazar arqueava o braço direito, pronto para um soco muito bem dado que certamente estragaria o sorriso convencido da face do anjo caído. O qual John desviou, mas não a tempo suficiente para evitar que atingisse seu queixo muito bem esculpido. Fez-se ouvir um estalo de algo saindo do lugar.

- Maldito!

John socou cegamente o outro, entrando numa sequência de golpes dados e recebidos constantemente. Um bolo de gente se reunia ao redor deles e as pessoas já não mais dançavam. Merda. Havia atraído tanta atenção assim?

A tensão no ar acumulava-se cada vez mais. O público queria ver uma briga e era o que estavam conseguindo. John e Balthazar estavam igualmente equiparados na luta. Curvando-se, o anjo caído acertou um dos flancos de seu oponente. Sem deixar-se intimidar, com os punhos fortemente cerrados, bateu naquele que, séculos atrás, fora seu amigo e aliado.

- Sem violência nesse estabelecimento! Vão acertar as contas lá fora! – Um homem meio barrigudo de uns trinta anos meteu-se entre os dois. Oh, ele não sabia no que havia entrado. Se fosse pela vontade do caído, o humano estúpido arrependeria-se e muito do que havia feito. Entretanto, para acabar com seus planos, o maldito anjo o interrompeu.

- Vamos, Sig... John. – Balthazar pronunciou o nome humano que Sigariel tinha assumido com desgosto, lembrando-se que Mary ainda estava ali, chocada.

Balthazar arrastou o anjo caído para fora e este puxou Mary pelo braço para que fosse junto. A comoção se desfez, mas várias pessoas os seguiram para o estacionamento, querendo ver como aquilo terminaria.

John aproveitou-se da confusão e arrastou sua Mary para longe dali. Porque ela não poderia ser de mais ninguém, senão dele. Conseguiu uma distância segura antes que o anjo irritante percebesse o que havia acontecido. Ele agia por impulso, sem ter realmente planejado ou pensado sobre o que estava fazendo.

Ao puxá-la pelo braço, tentando conter seus protestos, tapou a boca dela com uma das mãos, para abafar os ruídos que ela fazia.

- Não tente se libertar, Mary. Só vai piorar as coisas para você. Seja boazinha e não farei nada que você não queira. Colabore comigo, ok?

Sem vontade de ouvir uma resposta, apenas continuou arrastando-a para longe. Tinha um lugar específico em mente para o qual estava indo. Quando parou na frente de um edifício algumas quadras depois, sorriu maliciosamente.

A placa que indicava o nome do motel brilhava em neon na frente deles. Agora com mais calma, falou com a voz baixa, rouca, no ouvido da garota.

- Escute bem o que eu vou dizer. Quando eu te soltar, você não vai gritar e não vai tentar fugir. Isso seria inútil e só me aborreceria. Isso não teria consequências agradáveis para você. Caminhará calmamente ao meu lado sem fazer barulho e se tentar qualquer coisa, não me responsabilizarei por meus atos. Finja que está tudo bem.

Aumentou o aperto no braço dela para enfatizar o que dizia. Amedrontada, ela concordou. Com cuidado, John liberou-a, satisfeito ao ver que ela o obedecia.

Entraram no motel e ele pegou um quarto. De volta com a chave, foi até ela e subiram para o segundo andar. Abriu a porta, ligou uma lâmpada, iluminando o ambiente. Empurrou a menina para dentro. Mary tropeçou, tremendo.

Dane-se Kesabel. Sim, ele seria punido. Mas no momento pouco lhe importava. Tudo o que sabia era que Mary Morgan só podia ser a reencarnação – ou algo do gênero – de Amelia, a única mulher que um dia ousara amar. Inferno, Sigariel a desejava loucamente. Naquela noite, ele a foderia, duro.