Praia.

Caminhamos em silêncio até chegar à praia. Parei em frente as ondas e olhei para ele com um sorriso.

- O que te fez vir para cá? Digo, provavelmente você teve muitas outras opções antes de escolher esta. - Virei o rosto, sentindo a leve brisa me tocar. Ela levava meus cabelos em várias direções, arrumei uma mecha que ficava fora do lugar. Aqui era tão tranquilo e medonho.

- Se não quiser falar sobre isso entenderei. Podemos falar de coisas legais. O que você gosta? O que não gosta? - Voltei a encará-lo com um rosto cheio de dúvida. - Por que de todas as pessoas da escola você quis se sentar comigo? Eles eram populares e mesmo assim preferiu estar aqui, comigo...

Percebi que estava confusa e feliz por ele ter me escolhido, sorri envergonhada e comecei a caminhar para dentro do mar, parei em um lugar raso. Apenas sentindo as ondas baterem em meus joelhos, fechei os olhos. Que sentimento era esse? De leveza? De felicidade?

Me virei para Brandon. Ele era parecido comigo, tinha a mesma dor. Suspirei e caminhei até ele e o abracei fortemente.

- Sinto muito! - Sorri de canto, um pouco triste. - Ainda não quero falar sobre mim, tenho medo que o que houve faça você se afastar.

Olhei nos olhos dele, sabia que podia confiar. Sorri alegremente, ele também sofreu, não fui a única.

Paralisei com o que ele disse. Ele me chamou de amiga, algo roeu dentro de mim, de raiva e tristeza, não sabia o que era. Sorri de canto e fim um sinal positivo com a cabeça.

- Adoraria! - Olhei em seus olhos, algo me chamava atenção. O que seria? Por que eu me sentia assim? Nunca me senti desse jeito. Respirei fundo e caminhei para bem longe das águas, me sentei na areia. Era gostoso, eu era livre e não tinha nada em mente.

Dei um tapinha na areia ao meu lado para que ele senta-se e o aguardei com um sorriso na face.

Sua voz era perfeita. Fechei meus olhos, sorrindo. Sentia a brisa leve, o sabor de água salgada em minha garganta. O cheiro de sal.
Eu apenas escutei, sem falar nada. Lembranças de quando eu tinha uma vida feliz com meus pais me vieram a mente, fazendo-me chorar. Comecei a chorar.

Ele parou de cantar e abri meus olhos, olhando diretamente em seus olhos. Havia algo nele que me chamava, me encantava. Não era pelo fato dele ser músico, mas algo além disso. Fiquei admirando-o por algum tempo até cair na realidade. Enxuguei as lágrimas e sorri.

- Muito... Emocionante. - Sorri e não sabia o que falar. - Meus pais morreram em um incêndio. Eu estava na casa quando aconteceu. Estava trancada, mas por algum motivo... Fui salva, mas não sei como. Eu tratava meus pais como um lixo. Eu... Talvez fosse eu quem começou o incêndio...

Eu sabia que não, mas não me lembro direito.

Sorri de canto e desvie de seu olhar. O que estava acontecendo comigo?

- Eu só... Sinto falta, e você me entende. - Olhei para o mar evitando de encará-lo. Me levantei e respirei fundo, o ar entrou em meus pulmões e pude sentir o gosto de sal em minha boca.

- Acho melhor voltarmos. - Eu não sabia o que fazer. Era tão natural ficar com ele, tão certo.

Sentir seu abraço me fez derreter. Não que eu fosse fácil, mas... Era confortável, era certo. Eu o abracei de volta e afundei meu rosto em seu peito.
Comecei a chorar, tanto de tristeza quanto de felicidade. Talvez eu tivesse me permitido chorar pois ele entendia minha dor.

- Posso ficar aqui mais um pouco? - Perguntei entre choros. Eu não estava falando de ficar na praia mas sim em seus braços que me acalmavam.

Observava tudo do alto. Um estranho sentimento estava me corroendo, tive que parar de vigia-la e me concentrar em outras coisas.
Voltou novamente para o Céu e viu nada mais e nada menos do que Noah, ele o conhecia. Hmpf, ele não era um Anjo alto como eu, mas ele era forte.

- Quero que seu Nephilim fique bem longe da minha Humana. - Falou friamente sem desviar o olhar de Sam. Não era só o medo de algo ruim lhe acontecer com sua vida que eu me preocupava, era dela acabar interessando por aquele ser de péssima espécie. - Seu filho é perigoso à Samantha Frank.

Disse como se fosse verdade. Até agora ele não representou perigo algum, muito pelo contrário.

Consegui me recuperar do choro, mas não pude evitar de ficar corada quando encarei seus olhos.

- Desculpe-me pelo sentimentalismo. - Me afastei dele um pouco. Não queria, mas uma hora precisaria. O clima estava quente, não sabia o motivo, tudo girava ao redor dele. Aproximei lentamente meus lábios do dele, e colei nossos lábios suavemente. Não foi um beijo, apenas um pequeno e curto beijo.

Meu Deus! O que eu acabara de fazer? Olhei espantada para ele. Provavelmente ele me achava um fútil, uma garota qualquer. Comecei a correr para longe dele, mas parei alguns metros distante dele. Eu me odiava pelo ocorrido.

Pude sentir a raiva. Esse cara nem deveria ser um Anjo.

- Nunca quis o que você teve. Nunca quis ser um Anjo Caído. E mulheres são algo apenas carnal, nunca me interessei por nenhuma delas. - No momento em que falei isso, vi aquela cena patética. Meu ódio por Brandon não era nada até ele mostrar-se interessado, e ainda leu a mente dela.

Resolvi mexer com o tempo, as nuvens ficaram carregadas, ameaçando uma terrível tempestade. Olhei para Noah sem expressão alguma, apenas raiva.

- Ou seu filho pare de se interessar por ela por bem... - Um trovão ecoou ameaçando fúria. - Ou terei que fazê-lo parar por mal.

Tudo isso era por causa dela? Dessa humana? Eu não entendia porque eu estava assim. Seria mesmo só para protegê-la.

Virei-me para ele assustada. Como ele soube? Engoli em seco e caminhei até ele.

- Por que eu me sinto assim com você? Por que eu estou feliz em ser sua amiga, mas... - Um trovão ecoou ao nosso redor, uma grande tempestade estava por vir.

Morria de medo de trovões, me agarrei em Brandon tremendo de medo.

Olhei para o céu que estava se acalmando. Estranho, olhei nos olhos de Brandon. Sabia que eu ficaria a salva com ele.

- Sim... Aqui é perigoso. - Andei pela areia até chegar no asfalto. Brandon estava ao meu lado, não falara nada. Eu não conseguiria explicar o motivo de tê-o beijado. Será que eu o amava? Mas... Eu o conheci agora, balancei a cabeça em negação. Estava presa em meus pensamentos.

Olhei cheia de fúria para o Naphilim. Virei-me para o anjo ao meu lado.

- E quanto mais seu filho se aproxima dela, mais furioso e vingativo ficarei. - Não que eu quisesse brigar com um dos meus irmãos, mas, ele era pai daquele traste.
Vi Samantha e Brandon andarem juntos. Resolvi descer.

Parei em frente à eles com um sorriso malicioso na face. Demorei o olhar em Brandon, havia raiva. Ele a beijou, embora fosse o contrário. Ele estava fazendo isso com ela.

- Olá turma! Creio que agora você deva ir, Brandon, filho de Noah. - Falei, ele entenderia. Ele era esperto o suficiente para entender que eu conhecia seu pai.